Outro dia um amigo me perguntou: "De onde você consegue extrair tanta besteira para escrever?" Sabe qual foi minha resposta? "Não sei, só sei que foi assim." - como diria o saudoso Chicó, personagem de Selton Mello em "O Alto da Compadecida". Hoje, ao acordar, mudei de opinião.
- Fofo, sonhei com você essa noite. Você corria pelado em meio a um arrozal e gritava: "Sou lindo! Sou lindo!..." E então, o "Gordinho Gostoso" surgia, também pelado e gritava: "Não faço mais arroz! Não faço mais arroz!" Logo em seguida, "Requenguelo" atracava a balsa no meio do arrozal e gritava: "Onde esta o meu cofrinho? Onde está o meu cofrinho?"
"Requenguelo" era um dos mais audaciosos capitães dos mares. Suas façanhas eram conhecidas nos sete mares da história marítima. Naquele dia, sua embarcação teve uma mudança brusca de rota e foi parar no sul do Vietnã, o que fazia todo sentido em meu sonho maluco. O Vietnã é um dos maiores exportadores de arroz do mundo. Na verdade, por conta da mudança para o horário de verão, nosso intrépido comandante dormiu no timão da embarcação, causando um grande desvio em graus da sua rota de atracação em Ilha Bela.
Novamente, em meio ao arrozal, surgia outra balsa, dessa vez carregada com sacas de arroz. Nesta, o comandante da embarcação era nada mais, nada menos que "Pri", a rainha do "Artizanato", com aquele quepe branco de capitão na cabeça. Geralmente meus sonhos são tão malucos que só passam a fazer algum sentido quando me lembro no dia seguinte das coisas que aconteceram no dia anterior. Isso pode soar meio estranho para você, pobre leitor que encarou a leitura deste texto, mas agora que já leu até aqui, por que pararia, não é mesmo? Afinal de contas, é um sonho bem maluco.
Continuando meu sonho, após "Requenguelo" dar a volta ao mundo tentando atracar sua balsa em Ilha Bela e "Pri", a rainha do "Artizanato" surgir com sua balsa também em meio ao arrozal, Mazola, o galã da rota "CUDOMUNDO" - Campinas, também surgiu pelado e gritou: "Guardem cerveja pra mim que vou chegar na próxima balsa!" Mais que depressa, os olhos de nossa "Comandante" se encheram de brilho e então ela também gritou: "Corre meu príncipe encantado, temos que zarpar. Essa entrega precisa ser feita antes de mudar o relógio para o horário de verão!" A encomenda de arroz fora feita pelo "Gordinho Gostoso" que planejava fazer um almoço beneficente de arrecadação de fundos para o Lar dos Idosos, onde nosso amigo "Fofo" se encontrava hospedado.
Em um momento seguinte, percebi ao longe uma imensa árvore que subia até as nuvens. Curioso, fui olhar aquela aberração de perto. Era um imenso pé de feijão. Instantaneamente comecei a gargalhar ao pensar o que poderia estar relacionado, em meu sonho maluco, àquela coisa descomunal. Não pode ser, pensei comigo, será? De repente, uma voz ecoou vindo das nuvens: "Zoinhooooo!!!" Minhas suspeitas acabavam de ser confirmadas. Meu amigo gigante, o "Cabeção", morava em cima do pé de feijão.
Ainda pude registrar uma das últimas cenas que consigo recordar do meu sonho maluco. Com fundo musical de Celine Dion, "Go on" do clássico moderno Titanic, nosso amigo "Gordinho Gostoso" de braços abertos à frente da balsa, dizia: "Você me ama?" E logo atrás dele ecoava aquela voz: "Gordinho"... Eu amo o seu arroz!" Era "Pé Sujo", com sua cara de fanfarrão. De repente a música foi interrompida com um estrondo descomunal, fazendo com que a agulha arranhasse o disco.
Aquele estrondo parecia um terremoto. Eu diria mais, era um grande terremoto de nove à dez graus na escala Richter! Do outro lado do Atlântico, nosso amigo "Prof. Pardal", o lagartinho do agreste, roncava em sua rede. O que ninguém imaginava era que daqui do Lar dos Idosos, nosso amigo quase centenário, o "Fofo", respondia aos roncos de seu amigo quase em uníssono, criando assim o primeiro ciclo de Código Morse de Ronco da história da humanidade, copiado até pelos Norte-Americanos para combater o terror no mundo."
E assim, acordei assustado com um ronco que vinha de meu próprio quarto. Mas, essa parte contarei em uma outra oportunidade.
Texto/Ilustração:Mood
Revisão de texto: Dolores Gonçales